Por onde começar?
Disseste-me "tenho de ir!"
e eu não percebi porquê.
Porque eu gostava das nossas rotinas,
dos nossos passeios domingueiros,
da certeza dos nossos sonhos...
E de repente...
Tu tinhas de ir...
Mas ir para onde?
Porque tens de ir?
Porque vais?
E eu?
E nós?
E percebi que não existia mais o "nós".
Que a nossa casa era demasiado pequena para ambos.
Esvaziava por dentro enquanto te via a encheres as caixas.
E no silêncio dos minutos, eu chorei.
Cada caixa que fechavas, eu caía mais fundo.
Mas não fui capaz de te dizer o que sentia e acabei por te ver partir.
Esperei que olhasses para trás...
Desejei que me abracasses...
Ansiei acordar deste pesadelo...
Mas era verdade!
Tu disseste e cumpriste!