"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
Achamos que o tempo cura tudo. Que nos apaga da memória as pessoas, os locais, os cheiros, os toques, etc. E na verdade, o tempo não apaga nada. Apenas nos ensina que há uma vida para lá disto. Que não se morre porque acabou. Que a nossa vida não deixa de fazer sentido só porque alguém decidiu sair dela. E que um dia saberemos aceitar a sua ausência a nosso lado, sem que isso nos prive da paz que alcançámos. Que nos iremos lembrar da forma do seu sorriso, do seu jeito peculiar, do seu toque ou do seu cheiro. Sem que isso no faça sentir a vontade de regressar. Porque afinal se fosse bom, era presente e não uma lembrança do passado. E ao fim e ao cabo, é isso que o tempo nos mostra. É esta a cura que o tempo nos oferece. Por isso, sejamos hoje aquilo que não fomos no passado. Que saibamos oferecer hoje aquilo que por receio não partilhamos ontem. Sem medos e sem pressões. Porque afinal, na nossa finidade somos infinito. Pois só assim saberemos compreender que o Amor não se conjuga no passado.
Queremos algo diferente. Algo que tendo o mesmo nome, nos faça sentir de outra maneira. Queremo-nos especiais! Não porque sejamos ou tenhamos algo a mais que os demais. Mas porque alguém reparou em nós. Nos olhou no fundo do nosso ser. Na verdade da nossa humanidade. Da nossa limitação, soube perceber sem exigir. Da nossa vontade, soube compreender sem criticar.
Pois existe uma verdade e uma loucura no meio de tudo isto... Nós não somos Amor! E esta talvez seja a maior loucura que se enfrenta quando se faz caminho com alguém. Porque a verdade que se descobre nesse caminho, é que nós somos O Amor! Pois somos a sua forma, a sua personificação, o seu cheiro e o seu toque. A sua doçura e a sua beleza. A sua voz e os seus gestos. E é por isso, que o Amor nos transforma, mas sempre para melhor! E é isso que nos faz sentir especiais!
Esvazio a mente dos pensamentos mundanos. Liberto o corpo do peso das dúvidas diárias. Entrego-me sem medo, sem receio, sem condições à doçura do silêncio. Há muito que compreendi que preciso dele. Pois é neste momento que tudo em mim se equilibra. Aqui não procuro desculpas nem "meias verdades". Aqui não há facilidades nem fragilidades. Aqui sou como sou. Perfeito na minha imperfeição. Certo na minha dúvida. Racional na minha emoção. Crítico na minha aceitação. Mas acima de tudo frontal com aquele que tudo pode. EU!
Sozinho. Assim quis ficar. Longe do barulho das luzes. Escondido. Por vergonha e incómodo. Condenado publicamente. Apontado e criticado. Despojado da sua dignidade mas nunca do seu compromisso. Sentiu no seu corpo as marcas da humanidade. Desejou acordar das tormentas. E agarrado ao que de melhor sabia fazer, Rezou! Pediu perdão pelos outros. Mas não afastou o cálice que os Homens lhe ofereceram.
E é neste homem prostrado sobre o chão que contemplo o maior compromisso de Amor e Fidelidade. Porque ao olhar-te compreendo o que significa aquela expressão dito no monte das Oliveiras (onde juntos estivemos) : "Afasta este cálice de Mim, mas que não se faça a minha vontade mas a Tua!"
É um constante vai e vem, este onde me encontro. Como se o mundo não tivesse infinitas ofertas e as opções fossem restritas. É um baloiço de sentimentos. Onde aquilo que sinto não se adapta ao que observo. E eu vagueio por entre verdades e mentiras, por entre vontades e palavras. Apetece-me partir, mas tenho de ficar. E mesmo aqueles que me rodeiam... Que me desculpem, mas há muito que não me identifico com eles. Não gosto deste sentir. Não me identifico com ele. Mas também não lhe consigo dizer que não! Estou perdido por entre gente que se diz determinada e convicta. Que sabe sempre o que quer, que nunca erra, que raramente tem dúvidas, que nunca falha uma previsão, que sabe sempre o que dizer em cada momento da sua existência. E eu, em deambulações tentado perceber e compreender o que me vai na alma. Porque de uma coisa sei. Não busco a perfeição humana. Apenas a felicidade de um ser vivo!