"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
Hoje compreendo o que significa aquele velha frase: "Aprendemos a ser filhos, quando somos pais e aprendemos a ser pais quando formos avôs." Observo o teu rosto sereno enquanto dorme. E admiro os seus contornos, cada detalhe da tua pele. Sinto o pulsar do teu coração. O teu sono é de uma paz quase palpável. É inevitável não me sentir grato pela tua existência ou conseguir controlar a lágrima que corre pelo meu rosto. Tu és o melhor de mim, mas não sei se sou o melhor para ti. Sei que te darei tudo para que sejas o que desejas e sonhas ser, mas não saberei se porventura isso será o suficiente. E esta noite apenas te murmuro: "O que queres tu de mim?"
Quanto custa o teu abraço? O teu tempo? O teu amor? A tua sinceridade? A tua fidelidade? A tua palavra? A tua entrega? A tua amizade? A tua resposta? O teu silêncio? O teu sorriso? O teu afecto? Diz-me. Porque eu estou disposto a pagar.
Pois sei, que é mais feliz aquele que dá do que aquele que recebe. E por ti... Eu dar-me-ei.
É de coração aberto e com o olhar no alto; É de sorriso no rosto e de mangas arregaçadas; É revestidos de coragem e impulsionados pela vontade de vencer; É sedentos de justiça divina e transbordando de paz. Que se enfrentam os desafios da vida. Porque não importa ao barqueiro o que te trouxe, mas antes o que lhe dás. Só o Amor e a Gratidão te darão acesso à outra margem!
Se existe um momento em que a dor dá lugar à aceitação, em que a aceitação dá lugar ao crescimento, em que o crescimento se transforma em paz, em que a paz te faz perceber que a importância das coisas, das pessoas, das histórias não está na sua duração mas antes na sua intensidade.
E se existe um momento em que percebemos que a felicidade não está nos outros mas em nós. Então não basta querer, é preciso viver. Não basta falar, é preciso sentir. Não basta esquecer, é preciso perdoar. Não chega culpar, é preciso assumir a nossa falha.
Porque existe um momento em que a paz não se alicerça mais no que foste, mas no que és. E quando esse momento chegar, tens de estar preparado. Porque depois desse momento de paz, existe um sentir que não se descreve mas que se vivencia, que não se julga superior mas é maior que tudo. Mas que só acontece se tu estiveres preparado...
Tantas perguntas sem resposta. Tantos sonhos aprisionados. Tantas verdades questionadas. Tantos sentimentos em simultâneo. Tantos pensamentos insondáveis. Tantos olhares num horizonte longínquo. Tanta paz comprometida. Tanta emoção esquecida. Tantas coisas mas que não dão em nada. Porquê? Porque teimamos em complicar algo que é simples.
São apenas exemplos de algumas das palavras com que somos "atropelados" nos vários momentos e situações da nossa vida. E se em si existe uma mensagem de encorajamento, a verdade, é que elas também carregam a força do desapego. A mensagem de que para se acreditar é preciso antes de mais nos libertarmos daqueles que são os nossos medos, as nossas mágoas, os nossos pensamentos. Pois estão todos errados. Afinal, o caminho não se faz de olhos no que se passou ou no que se sentiu. Faz-se olhando para a frente. Mas é errado. Porque nós somos, o reflexo das histórias que vivemos, das pessoas com quem tivemos o privilégio de privar, dos sonhos que falharam, dos projectos que não foram concretizados. Por isso, quando te mandarem ires focado, vai. Mas sem nunca te esqueceres que não é negando ou apagando o teu passado que vais ser mais feliz. Ao invés, é indo de uma forma consciente do que és e do que viveste que vais saber onde deve estar e o que mereces.
Quando optas, quando pensas, quando sonhas, quando imaginas, quando sentes, quando decides. Aqui existe solidão.
No trabalho, no teu hobby, no teu desporto favorito, na tua família, nos teus amigos, na(o) tua(teu) namorada(o), no teu descanso. Aqui também existe a solidão.
No amor, na amizade, no companheirismo, na camaradagem, na felicidade, no compromisso, na fidelidade, na promessa, na cumplicidade. Aqui também existe a solidão.
E talvez isso te choque, mas a verdade, é que antes de tudo somos O indivíduo! E isso, faz-nos invariavelmente sós! Por muito que custe aceitar!
Quem sabe onde fica? Quem se vai lembrar? Quem irá compreender? Quem vai aceitar? Quem irá querer? O que irão dizer? O que irão pensar?
Tantas vezes é com esta "tralha" que enchemos a nossa cabeça, mas acima de tudo, o nosso coração. E sem nos dar-mos conta, é o nosso ser que magoamos. São os nossos sonhos, os nossos desejos, a nossa essência que aprisionamos. E em silêncio sofremos para que um outro possa existir. Um outro, que não viu o nosso gesto, o nosso silêncio, a nossa renúncia como sendo um acto de amor. E para que ele existia, abdicamos de nosso eu! Fugimos da nossa verdade. Do nosso sentir. Do nosso pulsar. Um dia não seremos mais capazes de o fazer e talvez aí seja muito tarde para recuperar das abstinências que nos obrigámos a viver. Demasiadas em prol de um amor que não era a dois mas apenas de um.
Não eram a falta de sentimentos, que parecia existir dentro dele. Mas antes a mágoa de vários projectos falhados. Não era a falta de brilho nos seus olhos que parecia não existir. Mas antes a compreensão que demasiada expectativa atrofia. Não era a ausência de vontade que pareciam dominar os seus passos. Mas antes a falta de capacidade de se proteger. Sabia-se e sentia-se só. Não porque não houvesse quem estivesse disposto a ama-lo. Mas antes porque assim sabia que não voltaria a descer ao mais fundo do ser e da sua dor.