"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
Houve um dia em que decidi ir! Embora não conhecendo o passo à frente, sabia com exactidão o que existia no passo atrás.
O meu ego apelava para que ficasse, mas o meu amor próprio segredava-me que merecia melhor.
E eu tinha uma vontade gigante de recuar, de dar o passo atrás. De não sair do meu conforto. Daquilo que conhecia. E embora não fosse satisfatório nem totalizante, era seguro. Eu sabia como era e só tinha de me adaptar!
Mas também sabia, que nunca fui e não serei, pessoa de me assustar com o tamanho da onda. Que não tenho que me anular para que o outro exista, porque isso não é amar, é antes cobardia. Se o amanhã era incerto, movia-me a vontade de o conhecer, de viver o que me esperava.
E a lágrima deu lugar ao sorriso. O medo deu lugar à determinação.
Passei meses, com o desejo de te tocar. Contei horas, na ânsia de te ver. Esperei minutos com vontade de te beijar.
E a Primavera deu lugar ao Verão assim como o sol deu lugar à chuva. E de ti nem sinal! Foi então que percebi, que era o momento de ir. Mas sem olhar para trás, sem peso da culpa ou com a expectativa do "se". Ir liberto do remorso e da culpa fácil. Caminhar na plenitude do meu ser e da minha essência. Mas ir com determinação e sem aflição. E eu fui...
Quero-te de um jeito só meu! Numa história, que tem um início, mas que não terá um fim. Onde errar é humanamente suportável porque existe o Amor para desculpar. E é sonhando que percorro cada dia da nossa existência.
Quero-te de um jeito só meu! Numa cumplicidade que só o olhar compreende. Onde o som da tua gargalhada preenche o vazio do meu dia. E a vontade de estar contigo é mais forte do que tudo o resto!
A vida é este eterno jogo de xadrez, onde umas vezes somos meros peões e outras vezes Reis e Rainhas, onde as nossas decisões têm o poder de te levar para fora do tabuleiro ou simplesmente a um check mate.
E percebemos que a vida é, e será, este eterno ciclo, onde os papéis se invertem sem existir uma vontade expressa da nossa parte. Mas que não tenhamos a menor dúvida, um dia o tabuleiro vira...
E aquilo que criticamos, acabamos por fazer igual. Por isso, cuidado com a forma como jogas...
Porque é preciso manter a mesma postura quando ganhas e quando perdes.
E havia uma alegria em te pertencer e uma vontade única de te ver; um abraço de segurança e um olhar para te compreender; um tempo intemporal e um sentimento indefinido; um cheiro teu num corpo meu e uma forma de te reconhecer sem te ver;
E parecia que a vida mudava de passo e o beijo ganhava outro sabor; o sonho ficou concreto e a paixão preenchia cada momento; o cinzento dos dias passaram para horas de arco-íris; o primeiro pensamento do dia eras tu e o último também.
Amar pode ser um verbo simples e regular, mas de uma vivência complexa e revigorizante. De gestos simples mas com uma enorme intensidade. De palavras sinceras mas marcantes. De loucas promessas mas que nos faz capazes de as materializar. De sorrisos "parvos" e de "borboletas" na barriga. De sonhos impossíveis mas que perdem o "im" e passam a possíveis. De distâncias que se encurtam e de minutos que "voam". De cheiros que perduram e de toques que seguram. De silêncios que falam e de olhares cúmplices. De abraços reconfortantes e de partilhas sinceras.
São recordações que se guardam. São momentos que se colecionam. São histórias que se amontoam.
São as opções que fizemos. São as lágrimas que derramámos. São os abraços que demos.
É este o caminho que percorri até ao hoje. É esta a construção do homem que sou. É aqui que compreendo, que não foi fácil mas que cheguei.
E agora? O que me reserva o futuro? Que decisões me esperam?
Na verdade não me interessa. Porque as gavetas do meu ser estão organizadas com o essencial e vazias de coisas supérfluas. Porque ao meu redor caminham aqueles em quem confio. E o sol brilha intensamente!