"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
Sinto a necessidade de saborear cada gesto, cada palavra, cada paisagem, cada acontecimento. Arrepia-me a sofreguidão; e temo perder, na vertigem, a beleza das cores, o perfume dos jardins, os olhos das pessoas e a modulação das vozes. Senhor, faz-me atento; pacifica-me, para ser capaz de parar, de olhar, de escutar, de sentir, de agradecer. Faz-me atento, para que me espante na permanente novidade; para que não me perca nas certezas superficiais; para que procure resposta às minhas insatisfações, sem queimar etapas na serena descoberta. E, depois de ouvir, dá-me a coragem da obra coerente."
Ando naquela fase em que acho que todos devíamos ser suficientemente livres para fazermos tudo quanto fosse de nossa vontade. Acho que ninguém devia ter amarras tão apertadas, responsabilidades tão grandes, ideais tão exigentes que não nos permitem, de um momento para o outro, largar tudo e partir em busca de um novo sonho. O sonho podia nem ser nosso, podia ainda não existir, mas a existência de vontade já devia ser suficiente para nos fazer partir. Ir em busca de trazer o que ainda não procurámos, o que ainda,talvez, nem sabemos que existe. Mas ir. Acho que ninguém devia ter competência tal, família tal, um código ético de tal forma restrito que não lhe permite ser capaz de parar o mundo e de o fazer girar duas vezes sobre si mesmo, quando apetece. Porque apetece. Como me apetece hoje. Certo é que se a vontade contasse a esta hora não estaria aqui a escrever estas linhas. E ao invés disso... Talvez estivesse a correr atrás daquilo que o meu coração hoje pede. Porque amanhã a vontade poderá ser outra.