"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
Confesso que me assusta, quando paro e penso na minha vida...
E assusto-me porque hoje tenho a consciência que tudo nela é passageiro e efémero.
Apesar de algumas dessas coisas terem sido grandes sonhos ou até mesmo grandes desafios... Existiram momentos mágicos e momentos tristes...
Rasgos de dor e de felicidade...
Mas todos, todos eles passaram, e não voltaram a acontecer, pelo menos com os mesmos protagonistas e naquele espaço...
Hoje sei que na história da minha vida, cada momento, cada decisão, cada uma das coisas que me aconteceram tiveram que acontecer naquele momento...
E mesmo quando sinto saudades de alguém ou de algum momento, isso é apenas um sinal que esse alguém/momento foi marcante e muito especial...
Mas não vai voltar a acontecer.
Porquê?
Porque já passou...
E a nossa vida é isso mesmo, a congregação desses momentos todos, mas que já não voltam, por muito que se possa querer ou desejar...
E compreender isto, não é uma questão de medo, nem se quer se trata de uma questão de orgulho. Trata-se apenas de compreender e aceitar que a vida não te dá a possibilidade de voltar atrás e reescrever o que pensámos que ficou incompleto.
Não!
No livro da nossa vida, cada momento tem um início e um fim.
Cada momento é único e irrepetível, por muito que não se concorde... Por muito que nos possa doer esta realidade... Apenas existe uma certeza...
“Tudo passa...”
E no dia em que percebermos isso, as nossas vidas deixarão de ser povoadas e recheadas por “ses”; “talvezes”; “mas”; etc. E no seu lugar existirá apenas SIM ou NÃO!
Porque estas são as respostas que definem aquilo que estamos dispostos a viver sem condições, sem regras, sem lógica. Numa entrega total e desmedida... E se doer? Se doer é porque a nossa entrega foi total e verdadeira a esse momento ou a esse alguém... Mas irá passar...
Sê inteiro. Integro. Procura o pouco que há em ti e repara no que ainda tens de moldar. É que ainda que hoje estejas perfeito, no teu amanhã essa tua plenitude deixa de o ser. E antes que permaneças encostado, molda-te desde ja como se àgua fosses: terás sempre a forma que quiseres, mas tão permanentemente serás retocado, seja pelas tuas mãos, pelas dos que te rodeiam, ou mesmo pelo vento que te agita…
Se eu tivesse o descernimento, de compreender o que sinto, nem que fosse apenas por um minuto, como seria tão diferente a minha vida...
Se não existisse em mim, esta divisão, esta separação, como seria tão fácil percorrer o caminho...
Se eu conseguisse calar esta voz, que é minha companhia e minha rainha, como eu ouviria a voz do silêncio...
Se não existisse em mim o medo de arriscar, se não houvesse em mim esta ferida aberta, se não fosses tu a rainha do meu coração, como seria tão diferente a minha vida...
Se o nosso “longe” não fosse “perto”; Se o nosso “afastar” não fosse “próximo”; Se o nosso “não quero” não fosse este “querer”; Como seria tão fácil percorrer este caminho...
É este “se”, Que me prende, Que me faz pensar mais e agir menos, Que me fecha portas e não me abre horizontes...
E se amanha não houvesse o “se”? E se amanha não houvesse o “medo”? E se amanha não existisse a “dúvida”? Seria a minha vida diferente? Seria este caminho mais fácil? Conseguiria eu ouvir a voz do silêncio?
Já me alegrei... ... com a felicidade dos outros E já me perdi... .... por caminhos que tracei.
Já me revoltei... ... por sentir o que sinto. E já chorei... ... por momentos que vivi.
Já me arrependi... ... por gestos que fiz! E já me angustiei... ... por ausências.
Já sorri... ... sem motivo nenhum. E já abracei... ... por me sentir um.
Já beijei... ... de desejo. E já ouvi.. ... coisas que nunca imaginei.
Já me “prendi”... ... pelo essencial. E já fugi... ... com medo.
Já senti sede... ... de Amor! E já senti ausência... ... de afecto.
Já corri... ... sem necessidade. E já parei... ... por achar que ninguém estava comigo.
Já pensei estar certo... ... por acreditar nas minhas “verdadezinhas” E já errei... ... sem perceber onde.
Já magoei... ... pessoas sem querer. E já ajudei... ... sem entender.
Já amei loucamente... ... pessoas que nunca irei esquecer. E já vivi momentos... ... que não por muito maus que tenham sido, não os poderei nunca dissociar de mim.