"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
(este poema foi escrito por alguém que é muito especial para mim! E porque estas palavras fazem um enorme eco dentro de mim, decidi "roubar-te" o poema. Desculpa, mas é demasiado belo!)
Porque corres, se não tens a certeza dos passos que queres dar?
Porque corres?
Do que foges? De ti? Dos teus sonhos? Porque corres?
Não percebes que a vida é como uma mão cheia de areia e que quanto mais a tentas fechar para a possuir mais ela te foge por entre os dedos?!
Não percebes isso?
Se sim, então porque corres?
Pára!
Porque enquanto tu corres para parte incerta, o resto das pessoas que te amam, esperam por ti sentadas na berma do caminho que tu e elas começaram a trilhar...
Enquanto tu corres para parte incerta, existe quem esteja à tua espera para ir para sitio certo...
Sinto-te e não te toco. Agarro-te e não te prendo. Olho-te e não te vejo. Abraço-te e não te envolvo. Escrevo-te e não te digo. Falo-te e não te escuto. Desejo-te e não te tenho. Quero-te e não te possuo. Observo-te e não te chamo.
Perguntar-lhe-ias o quê? Chamar-lhe-ias de maluco? Que resposta darias a esta questão tão simples e tão profunda...
Nos dias de hoje, não conseguimos perceber a grandeza desta pergunta, porque a nossa vida está preenchida por sons, por vozes, por barulhos, que não permitem ouvir aquilo que diz o nosso coração...
E se não escutamos aquilo que ele nos diz, se não temos tempo para parar e ouvir aquilo que brota dele. Agimos sem perceber se é esse sonho que existe no nosso coração. Agimos sem ouvir a sua voz, a sua vontade, o seu maior desejo, que por sinal é o nosso também!
TU OUVES?
Não basta dizer... que sim. Não basta dizer... às vezes! Não basta dizer... não tenho tempo!
Um Homem que não consegue ouvir a voz do seu coração, é um Homem que vive eternamente frustado, que busca algo nos outros e nas coisas, algo que ele próprio não sabe definir. Um Homem que não sonda o seu coração, vive na busca de uma felicidade que só existe nos livros. Um Homem que não ouve o seu coração, não consegue perceber aquilo que é essencial para si.
TU OUVES?
Se tu não ouves o teu próprio coração, como poderás ouvir o dos outros? Se tu não escutas o teu próprio coração, como podes saber se o caminho que percorres te fará verdadeiramente feliz? Se tu não tens tempo para o ouvir, como podes partilhar os teus sonhos, os teus medos, as tuas fraquezas, as tuas alegrias, etc?
Este é o tempo... Este é o momento...
De tu responderes a esta simples mas complexa questão...
É certo que muitas coisas poderão ser ditas e escritas para responder a esta questão. Que já lemos, que já ouvimos, que até já as decorámos... Mas de verdade elas são rápidamente esquecidas.
Durante este fim de semana, estive junto de homens, que são considerados de tiranos, sanguinários, de não “conhecerem” o que são os direitos humanos. Porém, durante este tempo, deu para perceber uma coisa, por mais que se digam as coisas e se saibam, eles serão recebidos com as maiores mordomias, com as maiores honras de Estado e todos juntos sorriem para a foto...
A verdade, é que enquanto isso acontece, milhões de pessoas não conhecem o sabor de um simples bago de arroz. Não sabem, não conhecem, nunca ouviram falar da U.E. Contudo, eles são aqueles que sofrem na pele e tantas vezes no corpo a dureza e a crueldade que nós os chamados paises industrializados lhes provocamos...
Quanto vale a vida deles?
Não vale nada! Porque não basta defender as causas humánitárias no Darfur, no Zimbabwe, etc... Se em Portugal eles também existem e nós simplesmente ignoramos...
Quanto vale a vida deles?
Não vale nada!
Porque vivemos e aceitamos que eles vivam nessas condições sub-humanas! Mas desenvolvemos esforços para ir ajudar os outros... Porém, esses esforços são bonitos, são de louvar, mas não servem verdadeiramente ninguem, porque queremos fazer aos outros povos aquilo que não fazemos cá em Portugal, mas amigos, ninguem dá aquilo que não tem...
Senão vejamos... A fome é igual aqui ou no Darfur... A falta de higiene é igual aqui ou no Darfur... A falta de segurança... A falta do direito à saúde, à dignidade humana é igual aqui e no darfur...
De quanto valem esta vidas?
Para nós, elas não valem nada!
E mesmo que algum dia tenhamos feito alguma coisa... A verdade é que fomos vencidos nesta “guerra” que não é de um simples momento, um simples acto de heroismo, um simples sentimentalismo de bondade. Não, estas pessoas precisam de nós todos os dias, precisam que lutemos por elas, pelos seus direitos (que são iguais aos nossos), que a nossa vida seja de verdade uma “guerra” por causas nobres e não actos isolados! Quanto vale a vida? Olha à tua volta... Como podemos pedir a paz para uma nação, se dentro das nossas casa, familias, etc. Ela não existe... Como podemos pedir justiça para um povo, se ela não existe tantas vezes na nossa vida... Como podemos pedir que acabem as mortes no Darfur, se elas estão acontecer nas nossas cidades...
Ao pensar nisto tudo...
Surge-me sempre esta pergunta...
Quanto vale de verdade a vida humana?
Gostava de ter uma resposta, de verdade e em verdade... Gostava que o mundo fosse diferente... Gostava que o meu país fosse diferente... Gostava... Mas também sei que eles só serão diferentes, na medida em que EU também o for!
Não existe dor maior do que esta que trago no meu peito. Não é uma dor de culpa Não é uma dor de perda Ou até mesmo de arrependimento.
Esta dor que carrego comigo. É uma dor de não te poder aconchegar, quando pelo teu rosto correm duas lágrimas. É uma dor de não te poder abraçar eternamente, quando me dás um abraço e me dizes "papá!"
Esta dor que carrego comigo. É uma dor de desilusão, Quando te vejo e penso que não merecias passar por isto... É uma dor de perda, Quando é o tempo dos homens que dita o nosso tempo...
Esta dor que carrego comigo... É uma dor de morte, Quando sei que me amas e que eu te amo, mas... É uma dor de agonia, quando penso em ti e naquilo que podes estar a dizer, a fazer ou descobrir...
Esta dor que carrego comigo... Que me consome lentamente, como se todo o meu ser fosse um tronco que arde numa lareira numa noite fria de Dezembro. E é este consomir-se que me consome, que não me mata mas que me vai moendo...
Corre o Mundo. E correm as pessoas. Passam os dias. E as horas. Gasta-se o que se tem. E o que não se tem. Para que possamos oferecer. Aquela prenda.
Mas...
Enchem-se as lojas. E os carros. Decoramos as casas. E as suas varandas. Fazemos presépios. E árvores de Natal. Para que nada falte nesta época.
Mas...
Compra-se o peru. E o bacalhau. Convida-se a família. E os amigos. Todos à volta da mesa. Trocam-se presentes. Palavras e sorrisos. Partilham-se recordações.
Mas...
Onde está...
...Aquele que une crentes e não crentes nesta noite?
...Aquele que é a origem e a razão desta época?
...Aquele que veio para ricos e pobres?
...Aquele que o Mundo teima em calar, mas que continua a “nascer” em Belém?
Onde está?
Talvez não saibamos responder, porque tornamos o Natal uma época consumista. Porque passou a ser para nós uma banalidade. Mais uns dias de férias. O mundo continua a não ter lugar para Ele, como não o tinham as estalagens da época... Onde está a verdade com que vivemos esta época? Com que verdade consolamos os Homens deste tempo se este Mundo teima em banalizar sentimentos e gestos?