"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
"Quem lamenta as suas perdas, olha para os seus próprios pés. E quem olha para os seus pés, acha que o mundo é do tamanho dos seus passos."
August Cury
Porque bates tu? Por onde me queres levar? Porque teimas em manter-me vivo? Porquê?
Porque bates tu? Se tudo à minha volta não faz sentido. Se tudo o que tenho é o ar que respiro. Se a dor de não o ter é maior que tudo.
Porque bates tu? Se me arrasto nos caminhos. Se nada me motiva. Se nada me sustenta ou me prende.
Porque bates tu? Porque teimas em erguer-me? Porquê?
Olha para nós... Tu que pulsas ai dentro... Não vês? Não sentes?
Então porque contínuas? Não existem momentos. Não existem dias. Não existem horas. Minutos ou segundos Que eu me esqueça dele...
É esta saudade, É esta melancolia, É esta ausência, É a falta de o ver crescer, De o ver sorrir, De estar com ele, De o ver correr, De sentir o seu abraço, De ouvir a sua voz a chamar-me "pai". De sentir o seu toque.... É isso que magoa-me! Percebes?
Então... Porque insistes tu em bater... Porquê?
Não compreendes? Não sentes? Então para quê continuar?
Daqui vejo esta enorme mancha azul,onde existem uma meia dúzia de barcos que ousam aventurar-se nela.E que com o cair da noite, se tornam pequenos pontos luminosos, onde tudo o que os rodeia é apenas e só uma enorme escuridão.
São homens que fazem desta aventura a sua vida, o seu sustento. Sabem que cada viagem pode ser aquela viagem...
Onde cada dia, cada hora, cada minuto, um perigo pode surgir. Mas nada os detém, porque esta foi a escolha que decidiram fazer.
Ao pensar nisto, penso quantas vezes fiz eu uma escolha e me comprometi de verdade e com verdade nela... Quantas vezes foi mais fácil ficar em terra e suportar o resto, do que embarcar nesta aventura...
É verdade que existiram momentos em que também ousei, entrar no barco e enfrentar tudo aquilo que estava subjacente a essa escolha...
Mas a nossa vida é isso mesmo, uma constante escolha entre o que é seguro (TERRA) e a aventura (MAR).
Mas uma coisa é certa, só cada um de nós sabe o que é melhor para si, porque o que traz felicidade a uns pode não trazer ao outro.
Por isso, quando tiveres de escolher...
- escolhe por ti e não por aquilo que os outros acham ou pensam;
- escolhe livremente e não penses no que os outros vão dizer ou pensar, porque eles irão sempre falar, independentemente da tua escolha;
- escolhe consciente, que irá haver momentos em que vais sentir falta do porto seguro;
- escolhe aquilo que te fará verdadeiramente feliz;
Porque acima de tudo as nossas escolhas devem ter esse objectivo... a nossa FELICIDADE!
É certo e sabido que todos os caminhos que nos são propostos, nos apresentam sempre algum mistério e alguma apreensão, porque afinal não sabemos o que iremos encontrar.
Sempre que surge um novo caminho, somos invadidos por um lado de uma enorme esperança e de uma enorme vontade de o percorrer.
Mas também somos invadidos pelo receio, pela dúvida, pela incerteza que se depara à nossa frente.
E em muitos casos a coragem e noutros casos o orgulho, leva-nos aceitar percorrer aquele caminho.
Mas existem momentos em que percebemos que aquele caminho afinal não é para nós...
Que não nos traz a felicidade. Aquela que brota de um coração que está entrelaçado com o seu caminho.Não uma felicidade que é baseada nos outros, mas a felicidade que vem de dentro.
E nesses momentos é preciso ter a mesma dignidade e coragem para assumir que aquele caminho não é para nós! Assumir isso não é procurar desculpas, inventar histórias, arranjar culpados.
Nada disso!
Assumir é simplesmente ter a capacidade de perceber que o nosso coração não está feliz naquele caminho.
E que precisamos de voltar atrás, porque «O nosso tesouro está onde está o nosso coração!»
E voltar atrás significa voltar a reunir tudo aquilo que somos e todos os pedaços que se possam ter partido com esta decisão de recomeçar.
Mas...
Recomeçar é acreditar, é sonhar, é ambicionar que mesmo não sabendo qual o caminho por onde devemos ir... Que ele existe!
Entre estas quatro paredes, sinto-me só. Daqui vejo e oiço os barulhos do mundo, mas que não me seduzem. Observo o mar e a sua imensidão e por lá me perco. No rádio toca aquela musica que me agarra e que me leva. No meu rosto corre a lágrima que me lava a alma. E no meu peito bate este coração apaixonado e amargurado. Pela cabeça passam as mais loucas ideias e por elas não me perco. Procuro respostas para as perguntas que não existem. Busco uma solução onde não existe um problema. Sinto o que não existe. Faz-me falta o que tenho. Sustenta-me o pouco. Prende-me a recordação Fortalece-me a convicção. Que afinal a vida não passa de uma simples opção!
É verdade! Já passou um ano desde que foi iniciada esta aventura. Onde existiram textos partilhados, vidas comentadas.
Neste cantinho, fui "conhecendo" pessoas que não sabendo o seu verdadeiro nome, passaram a ser consideradas de amigas! Este espaço que aos poucos foi crescendo e que também foi exigindo uma maior fidelidade da minha parte e uma maior responsabilidade. Nem sempre tem sido fácil e tantas vezes os textos não são os melhores, mas são o espelho do que sinto e do que me invade a alma.
Mas hoje queria dar os parabéns (a mim) e a cada um dos meus visitantes, onde incluo os anónimos e os identificados; os amigos e os visitantes; a todos eles um grande abraço de parabéns!
Um dia... Eu gostava que tu vivesses esta dor. Que estivesses no meu lugar. Que no teu peito existisse este sentimento de estar só. Que de tudo o que foi construido com nada fiquei. E perceberes o que é isto de não ter um sitio teu... Um dia...
Um dia... Tu saberás dar valor. Tu irás perceber os motivos. Tu verás que tanta coisa foi "engolida" por Amor. Tu sentirás que nunca mais terás alguém assim... Um dia...
"Um dia um jovem homem posicionou-se no centro duma aldeia e proclamou bem alto que possuía o coração mais belo de toda a região. Aproximou-se uma grande multidão que o rodeou e todos viram e confirmaram que o seu coração era perfeito, pois não se viam nele quaisquer manchas ou riscos.
Sim, todos foram unânimes em considerar aquele coração como o mais belo coração jamais visto. Ao ver-se admirado o jovem sentiu-se ainda mais orgulhoso, e ainda com mais convicção assegurou ter o mais belo coração daquela vasta região.
Foi então que se aproximou um ancião e lhe perguntou:
— Porque afirmas isso, se o teu coração nem se aproxima da beleza do meu?
Surpreendidos, a multidão e o jovem, olharam para o coração do velho e viram que batia fortemente, mas estava cheio de cicatrizes e nalguns lugares faltavam pedaços que haviam sido substituídos por outros que não encaixavam bem. Viam-se rebordos e arestas irregulares e isso era prova evidente de encaixes frustrados.
E também se podiam ver algumas ausências onde falhavam pedaços consideráveis. Os olhares das pessoas baixaram para o chão, enquanto iam perguntando-se:
— Como pode o velho afirmar que o seu coração é o mais belo?
Por sua vez, também o jovem analisou o coração do velho, mas ao vê-lo naquele estado mal-arremendado partiu-se a rir. Por fim disse:
— Deves estar a brincar connosco. Compara o teu coração com o meu... O meu é perfeito! E o teu é um conjunto de cicatrizes e de dor.
— É verdade, respondeu o velho, o teu coração tem um brilho perfeito; porém, eu jamais me relacionaria contigo. Olha para o meu: cada cicatriz representa uma pessoa a quem ofereci o meu amor. Arranquei pedaços do meu coração para os oferecer a quem amei. Muitos outros, por sua vez, obsequiaram-me com um pedaço do seu e os coloquei no buraco que fora aberto. Como os pedaços não eram iguais ficaram uns restos e umas pontas que me dão muita alegria, pois me recordam o amor partilhado. Nalgumas alturas ofereci pedaços do meu coração a algumas pessoas, que não me retribuíram o seu: foi por isso que ficaram algumas falhas.
Oferecer amor é um risco, mas apesar da dor que essas feridas me provocam por terem ficado abertas, recordam-me que os continuo a amar e assim alimento a esperança de um dia conseguir preencher o vazio que deixaram no meu coração. Compreendes agora o que é verdadeiramente belo?
O jovem continuava em silêncio enquanto as lágrimas escorria pela face. Depois aproximou-se do ancião, arrancou um pedaço do seu belo coração e ofereceu-lho. O ancião aceitou-o e colocou-o no seu coração, depois, por sua vez, arrancou um pedaço do seu velho e maltratado coração e com ele tapou a ferida aberta do jovem. O pedaço colou-se ao novo coração, mas não na perfeição. Ficaram a ver-se uns rebordos nada estéticos. O jovem olhou o seu coração que já não era perfeito. Porém, era mais bonito que antes pois nele fluia agora sangue daquele velho."